quinta-feira, 14 de março de 2013

ALGUMAS NOTAS SOBRE O TRANSPORTE MARÍTIMO DOS AÇORES - 4


ALGUMAS NOTAS SOBRE O TRANSPORTE MARÍTIMO DOS AÇORES - 4
José Ribeiro Pinto*
Começámos a ver no artigo anterior como está a funcionar o sistema, nomeadamente qual foi o movimento de mercadorias que se verificou nos últimos anos nos nossos portos. Vamos continuar.

No que diz respeito aos Graneis Líquidos (combustíveis), a situação actual caracteriza-se por um navio transportar todo o combustível para Ponta Delgada e depois haver um pequeno navio que faz a distribuição a partir deste porto para todos os restantes, voltando sempre e muitas vezes a P. Delgada porque não tem capacidade para levar de uma só vez em cada viagem o combustível para todas as outras ilhas. Esta situação também encarece muitíssimo o transporte deste bem.
Havendo capacidade no parque de Combustíveis do Porto da Praia da Vitória para o combustível necessário para todas as ilhas excepto S. Miguel, é óbvio que se pouparia imenso dinheiro se o navio que traz o combustível do Continente para a Região deixasse a parte de S. Miguel em Ponta Delgada e a restante no porto da Praia da Vitória, a partir do qual se faria a distribuição para os outros portos, dos quais está muito mais perto. Desde 1990, pelo menos, que se sabe que esta é a solução mais adequada e mais barata, mas infelizmente o lobby S. Miguel sempre conseguiu levar os Governos a apoiarem a situação ainda em vigor.
É certo que até há alguns anos atrás não havia um Parque de Combustíveis no Porto da Praia da Vitória e o Governo não se interessou em construí-lo, ou melhor, em apoiar a sua construção, até que a Terparque avançou com a mesma com condições de capacidade para abastecer as ilhas dos grupos Central e Ocidental. 
A alteração da situação não só não acarreta custos, como pode avançar de imediato praticamente.

1. MOVIMENTO DE NAVIOS
2.1. CABOTAGEM NACIONAL

Vejamos o movimento de navios de contentores – vamos analisar os anos 2007 a 2009 por não dispormos de dados detalhados de 2010 e de 2011. Nos últimos tempos ocorreram algumas alterações que também analisaremos. 


Deste quadro podemos concluir que, em termos médios, os Portos de S. Maria, Graciosa e Flores recebem 1 navio de contentores de quinze em quinze dias; o das Velas recebe um navio por semana, os portos da Horta e de S. Roque recebem dois navios de contentores por semana; o porto da P. Vitória recebe 3 navios por semana do continente e o porta-contentores americano de 3 em 3 semanas aproximadamente; finalmente o porto de P. Delgada recebe em média um pouco menos que 8 navios de contentores por semana.

Então, verificamos que, já naquela altura, com excepção dos portos de Ponta Delgada e Praia da Vitória, os portos da Região não recebiam sempre os três armadores, ou seja:
S. Maria, Graciosa e Flores só recebiam 1 armador, que era sempre o mesmo. Quer isto dizer que, para estas ilhas, os outros dois armadores, baldeavam sempre as suas cargas, maioritariamente, no porto de Ponta Delgada.
Também nos casos do Faial e Pico só dois armadores é que iam a estes portos em quase todas as semanas, o que quer dizer que, também para estes portos, semanalmente uma parte da carga já era baldeada, maioritariamente, no porto de Ponta Delgada.
Vamos ver no artigo seguinte qual a situação presente.
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(©) Copyright texto: Eng. José Ribeiro Pinto, Terceira.
(©) Copyright fotos: António Simas, Mário Silva, e MM Bettencourt.

2 comentários:

  1. Realmente em relação aos combustiveis não se percebe porque se mantem a situação actual se a Terceira fica mais próxima das outras ilhas do grupo central e ocidental do que São Miguel.
    Nas Canárias por exemplo existe uma centralização em Tenerife da distribuição de combustivel para as restantes ilhas incluso do grupo oriental (mais próximas de Gran Canaria) mas isso deve-se ao simples facto de existir uma refinaria em Santa Cruz de Tenerife! Os combustiveis em Canárias ("Porto Franco") ficam mais baratos do que na Península! Também há que ver que Santa Cruz de Tenerife fica mais central em relação às restantes ilhas do arquipélago canário do que Ponta Delgada em relação às restantes ilhas do arquipélago açoriano. Falando em centralidade falamos também em distãncias. Meça-se a distãncia por mar desde Ponta Delgada até as Lajes das Flores, compare-se com a distãncia desde Santa Cruz de Tenerife até Arrecife em Lanzarote e veja-se a diferença.

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  2. Amigo Victor, esta é uma questão muito pertinente, também sou da mesma opinião, aliás já aqui escrevi a minha opinião sobre o transporte/distribuição de combustíveis inter-ilhas,aliás defendo mais, quero um sistema diferente assente na base do NT Sheychelles Paradise.
    Um Abraço,
    Manuel

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