© Copyright fotos: Luís Prieto / PA,Sa.
O único representante de Portugal na edição deste ano da regata de vela oceânica Les Sables / Les Açores / Les Sables para embarcações da Classe Mini 6.50 e navegadores solitários, António Fontes, terminou a primeira etapa da prova, na baía da cidade da Horta, na 12.ª posição da tabela classificativa, de entre os 22 concorrentes agrupados na categoria de veleiros de ‘série’.
O skipper do veleiro “Leonor” alcançou a meta após 8 dias, 18 horas, 11 minutos e 55 segundos no mar, não conseguindo entrar na galeria dos dez melhores no seu segmento da competição por escassos 24 minutos, embora tenha chegado ao destino com mais de 25 horas de atraso em relação ao vencedor dos iates de ‘série’, o belga Jonas Gerkens.
António Fontes, capitão da marinha mercante, formado na Escola Náutica Infante D. Henrique, em Paço d’Arcos, antigo membro das equipas portuguesas no circuito internacional de ‘match-racing’ e ex-atleta de vela ligeira, traz já no currículo «Mini», este ano, um terceiro lugar no Troféu Marie-Agnès Péron (na costa de França) e um quinto lugar na Mini Fastnet (regata disputada no sul da Inglaterra e Mar da Irlanda, em conjunto com Mariana Lobato), pelo que é crível que venha a melhorar o desempenho na segunda etapa da Les Sables / Les Açores / Les Sables, que parte do arquipélago na próxima terça-feira, 5 de agosto, de regresso a França.
O velejador lisboeta reconhece que “a regata está a ser muito boa e o tempo esteve ótimo, quase até ao fim, sempre com vento ao largo e à popa”, embora uma decisão tática de uma rota mais a Sul “não tenha corrido bem, pois fiquei parado um dia inteiro numa dorsal muito gorda, enquanto os outros foram pelo Norte, em rota direta, e ganharam muito avanço”.
António Fontes salienta a circunstância de pelas regras desta prova os veleiros não poderem dispor de instrumentos para obter informações meteorológicas, “tirando os dados que obtemos uma vez por dia num pequeno rádio, muitas vezes em más condições de receção”. E acrescenta: “Eu tinha a minha opção de rumo definida à partida e daí não mudei quase nada durante todos estes dias, o que não teria acontecido se tivesse atualizado as informações a meio da regata – mas este é um dos grandes interesses desta competição, pois somos obrigados a estar completamente sozinhos, sem informações exteriores, navegando às cegas e… temos de nos desenvencilhar”.
Para a segunda etapa António Fontes, que nunca tinha feito uma regata tão grande em solitário, aposta numa “desforra” relativamente àquilo que não correu tão bem na primeira metade de prova, preparando-se assim já, também, para uma possível participação na Mini-Transat 2015, entre Douarnenez (França) e Guadalupe (Antilhas), com escala em Lanzarote (Canárias), o que está dependente, no entanto, de “arranjar patrocínios”.
Nas contas finais da categoria de iates de ‘série’ a meio da edição deste ano da Les Sables / Les Açores / Les Sables, na Horta, a vitória foi para o belga Jonas Gerkens (“Netwerk”), com o tempo de 7 dias, 17 horas, 59 minutos e 05 segundos, enquanto em segundo se posicionou o francês Damien Audrain (“EPC – Rêves De Claown”), com 7 dias, 18 horas, 48 minutos e 15 segundos e no terceiro lugar ficou o também gaulês François Jambou (“Kairos”), com o total de navegação de 7 dias, 19 horas, 49 minutos e 00 segundos.
Mais rápidos foram os veleiros protótipos presentes nesta regata, aqui com total domínio italiano. Giancarlo Pedote (“Prysmian”) ganhou, com o tempo de 6 dias, 22 horas, 53 minutos e 30 segundos, enquanto a segunda posição foi para o também transalpino Michele Zambelli (“Fontanot”), com 7 dias, 06 horas, 36 minutos e 00 segundos. O francês Nicholas Boidevezi (“ImaginAlsace”) fechou o pódio, com 7 dias, 11 horas, 36 minutos e 13 segundos de mar ao largo.
As primeiras 1270 milhas da competição foram concluídas com sucesso por 32 das 33 embarcações que largaram de França a 20 de julho, havendo apenas uma ‘baixa’, a do francês Davy Beaudart (“Cultisol”), que chegou a liderar o pelotão e teve de desistir, depois de ter quebrado o mastro do seu protótipo, quando navegava a pouco mais de 280 milhas da linha de chegada, tendo entretanto arribado a Ponta Delgada.
Recorde-se que a presente edição da regata Les Sables / Les Açores / Les Sables, destinada a veleiros minúsculos, de apenas 6,5 metros, faz parte do calendário oficial da Federação Francesa de Vela, integrando agora, pela primeira vez, o Campeonato de França para Regatas de Alto Mar em Solitário, na Classe Mini.
Esta prova é organizada pelo Sports Nautiques Sablais, em conjunto com a Associação Classe Mini e a Municipalidade de Sables d’Olonne, contando com o apoio, no arquipélago dos Açores, da denominada Comissão Náutica Municipal da Horta, que integra a Câmara Municipal da Horta, o Clube Naval da Horta, a Portos dos Açores, S.A. e a Associação Regional de Vela dos Açores («VelAçores»).
A edição deste ano da regata Les Sables / Les Açores / Les Sables conta, entretanto, com um ‘padrinho’ muito especial, o franco-italiano Alessandro di Benedetto, que acompanhou a frota de 33 veleiros em competição ao longo da sua primeira etapa, no seu iate “Team Plastique”, com o qual completou em Fevereiro de 2013, após 104 dias de viagem, a última Vendée Globe, prova para embarcações de 60 pés (18 metros) destinada a solitários, sem escalas, que se disputa de quatro em quatro anos, com partida e chegada a Sables d’Olonne.
Benedetto, geólogo e arqueólogo submarino de 43 anos, natural de Roma, fora o primeiro velejador a concluir uma circum-navegação sem escalas nem assistência num iate de 6,5 metros, com passagem nos três grandes cabos do Sul (Boa Esperança, Leeuwin e Horn), façanha promovida entre 2009 e 2010, que concluiu após 268 dias contínuos em alto mar!
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