quarta-feira, 25 de setembro de 2013

AS NOVAS RAMPAS, O SANTORINI E O NOVO MODO DE TRANSPORTAR CARGAS NOS AÇORES

© Copyright texto: Eng. José Ribeiro Pinto, Terceira.
Terminou esta segunda-feira a operação de Verão do navio de passageiros (ferry) “Hellenic Wind”. Já no próximo dia 29 deste mês terminará a operação do seu navio parceiro “Santorini”.
O transporte marítimo de passageiros em navios “ferry” tem sido, sem dúvida nenhuma, um serviço que ao longo destes últimos anos (e já são bastantes) tem tido um enorme sucesso, tendo proporcionado, ao fim de largos anos de “jejum”, a possibilidade de qualquer pessoa/família viajar entre as nossas ilhas com certa facilidade, levando o seu carro, e a preços relativamente interessantes. De facto, hoje em dia, qualquer pessoa já consegue organizar, mais ou menos facilmente, as suas férias de verão em qualquer outra ilha, sem o problema de ter, necessariamente, que alugar carro.

O Governo dos Açores tem percebido este fenómeno e entendeu que devia comprar navios para esta operação. Infelizmente, por razões que não vêm ao caso, a coisa correu mal e o Governo viu-se na necessidade de continuar a alugar os necessários navios para que tudo continuasse a correr de acordo com as espectativas criadas e consolidadas.
O Dr. Vasco Cordeiro, meia dúzia de meses após ter tomado conta Secretaria Regional da Economia em 2008, ao participar com a Atlanticoline no novo aluguer de navios para esta operação, compreendeu, de imediato, que seria muitíssimo mais fácil e mais barato alugar navios com rampa à popa do que com rampa lateral. Para isso deu de imediato ordens para que fossem elaborados estudos e projectos para a construção de rampas de cais em todos os portos da Região (excepto Corvo). Em boa hora o fez e, em melhor ainda, mandou construí-las nos portos onde não existiam! Ficaram todas operacionais este Verão.    
Este foi então o primeiro Verão em que, em todos os portos, os navios operaram com as suas rampas de popa, as chamadas rampas ro-ro, as quais possibilitam, com muito maior facilidade e rapidez, a entrada e saída de viaturas, as quais passaram a poder ter, também, maiores dimensões.
Em Fevereiro passado, na sequência duma solicitação dos Deputados da Graciosa do PSD para que fosse feita uma experiência durante este verão, de transporte de mercadorias para e de aquela ilha naqueles navios, tive oportunidade de escrever que achava a ideia extremamente importante e portanto de ser levada a efeito. Confesso que não sei como é que o Governo dos Açores e a Atlânticoline encararam o assunto, pois não vi nenhuma reacção nem pública nem privada.
O que é certo, e extremamente importante, é que nas últimas semanas ocorreram algumas situações maravilhosas, inimagináveis há apenas um ano atrás, apesar de já falarmos nessa possibilidade/necessidade: Foi, entre outras, uma grua de dimensão apreciável que embarcou no Santorini na Graciosa com destino à Praia da Vitória, foi uma carrinha carregada de meloas da Graciosa que embarcou naquele porto para as ilhas do grupo Central – esteve no Pico e vi-a embarcar para a Graciosa no Domingo passado, provavelmente já noutra viagem – foi o camião com os cavalos carregado na Horta para a Graciosa para a participação dos mesmos numa prova de “dressage” e o seu regresso logo na segunda-feira, também no Santorini, ou, ainda, o camião com a sua “trela” que descarregou do Santorini em S. Jorge (vejam-se as fotos que apresentamos – verifica-se, em todos os casos, que foram as operações mais simples do mundo!). Notável! Tudo isto prova que algo começa a mudar.
Penso que a Atlanticoline não tinha preparado isto, mas a verdade é que agiu bem ao aceitar realizar estes transportes. Provavelmente os preços ainda não foram os melhores, mas, certamente as condições no seu conjunto já foram suficientemente interessantes para permitirem a opção.
Espera-se agora que o Governo dos Açores retire os ensinamentos adequados e proceda aos estudos necessários e urgentes, de forma a que muito mais carga rodada seja transportada neste modo de transporte “roll on – rol off”, durante todo o ano, permitindo um aumento do mercado interno. Para tal deverá trabalhar com todos os parceiros – Atlanticoline, Armadores, Empresas de estiva, Câmaras de Comércio, Sindicatos, etc.. Estou seguro que não será muito difícil.
Aliás, como se viu, as coisas já começaram a acontecer naturalmente! 
© Copyright fotos: MM Bettencourt, João Agostinho, Cpt Stefanos Papadopoulos.



Artigo da autoria do Sr. Eng. José Ribeiro Pinto, publicado anteriormente nos jornais, "Diário Insular" e "Jornal do Pico", publicado aqui com a devida autorização do seu autor a quem Agradeço!

8 comentários:

Anónimo disse...

"O Dr. Vasco Cordeiro, meia dúzia de meses após ter tomado conta Secretaria Regional da Economia em 2008, ao participar com a Atlanticoline no novo aluguer de navios para esta operação, compreendeu, de imediato, que seria muitíssimo mais fácil e mais barato alugar navios com rampa à popa do que com rampa lateral."

Não terá sido esta também uma das razões pelas quais o negócio do Atlântida foi ao fundo? É que o Atlântida tinha uma rampa incompatível com as rampas ro-ro (aquilo nem era rampa lateral nem de popa, era uma coisa estranha, sendo talvez esta a principal razão pela qual o navio ainda não tenha vendido, mesmo a preço de saldo).

Manuel Bettencourt disse...

Caro Visitante, Obrigado pela visita e comentário!

Sobre o Atlântida não gostaria de falar, esse navio já me deu problemas que chegue, nesta altura é tabu para mim.
Mas um dia quando chegar a altura certa veremos!

Cumprimentos e volte sempre
Manuel

Anónimo disse...

Todas as rampas RO-RO não! A rampa RO-RO de Ponta Delgada foi usado só pelo navio, Hellenic Wind, mas pelo que eu vi, quando fui às Portas do Mar, vi o Express Santorini a usar a rampa lateral e não a usar a rampa RO-RO feitaa, no interior das Portas do Mar.

Cumprimentos.

Manuel Bettencourt disse...

Boas caro Visitante, obrigado pela visita e comentário.

De facto sabemos da questão relativa à rampa de PDL, mas como imagina não sei quantas vezes foi usada este ano.

O Eng. Ribeiro Pinto centra o seu artigo em vários exemplos concretos que sucederam este ano com a utilização das rampas e ilustrados com as fotos!

Cumprimentos e volte sempre
Manuel

Anónimo disse...

Este ano, o Hellenic Wind usou quase sempre o cais norte (interior) das Portas do Mar e a respectiva rampa ro-ro. Para navios relativamente curtos e para embarcar ligeiros, a rampa das Portas do Mar serve. Para coisas maiores, é perguntar a um vidente.

Quanto ao Santorini, se não me falha a memória, só foi ao cais norte quando foi feito um teste, pouco depois de a construção da rampa terminar (já lá vão 3 ou 4 anos, é só procurar no arquivo deste blog).

Lembro-me que, este ano, o Santorini foi para o cais comercial no Sábado do Santo Cristo, porque o cais sul das Portas do Mar estava ocupado com o Caribbean Princess. Quanto ao cais norte e à sua rampa ro-ro, estavam às moscas (portanto, se calhar não é preciso gastar dinheiro com um vidente):

https://picasaweb.google.com/107295955690725535810/CaribbeanPrincess20130504?noredirect=1#5874959333212673234

Manuel Bettencourt disse...

caro Vistante, obrigado pela visita e comentário.

Não sinto muito à vontade para comentar a rampa de PDL, deixo isso para os comentadores do blog como o caro visitante.

Cumprimentos,
Manuel

alves disse...

Hoje em dia podemos alugar um carro a preços bem atrativos mas se uma família poder levar o seu próprio carro claro que se sentirá mais à vontade.

Manuel Bettencourt disse...

Caro Alves,

Obrigado pela visita, precisamente!

Abraço,
Manuel