ALGUMAS NOTAS SOBRE O TRANSPORTE MARÍTIMO DOS AÇORES - 6
(©) Copyright texto: Eng. José Ribeiro Pinto, Terceira
(©) Copyright foto: Mário Silva, Santa Maria.
Acabámos o artigo anterior analisando qual era o movimento de navios entre o Continente e a Região. Vamos ver muito rapidamente qual é o Tráfego Local e depois passaremos às primeiras conclusões.
2.2. TRÁFEGO LOCAL
O Tráfego Local, por definição da Autoridade Marítima, está dividido pelos três Grupos da Região
Trata-se de pequenas empresas armadoras com pequenos navios que fazem ligações entre as ilhas do Grupo a que pertencem, transportando carga geral fraccionada, eventualmente paletizada ou em pequenas caixas, que prestam um importante, mas pequeno, serviço nas trocas comerciais entre as ilhas mais próximas. Assim temos:
- A empresa “Transporte Marítimo Parece Machado” opera entre S. Miguel e Santa Maria;
- A empresa “Transportes Marítimos Graciosenses” opera entre todas as ilhas do Grupo Central a partir do porto da Praia da Vitória;
- A Empresa “Barcos do Pico de Amaral, Luciano e Faria” opera entre o Pico, Faial e S. Jorge;
- A empresa “Marocidental” opera entre as Flores e o Corvo.
(©) Copyright foto: Ricardo Martins, Lisboa.
Note-se que apesar de se tratar de pequenas empresas a transportarem pouca carga, fazem-no quase monopolisticamente e por isso a preços relativamente elevados.
3. CONCLUSÕES IMEDIATAS
Do que atrás ficou dito conclui-se claramente que a situação em vigor é altamente penalizante para os utentes e para os produtores, pois conduz a custos com o transporte marítimo muito elevados e dificulta altamente o mercado interno.
E isto porque:
1 - Ao obrigar praticamente que cada armador tenha que “correr” todas as ilhas, faz com que ele tenha que ter pelo menos dois navios porque não consegue fazer o ciclo Lisboa – várias ilhas dos Açores – Lisboa na mesma semana. A Transinsular tem 3 navios afectos a este tráfego.
Estes navios nunca andam cheios, pelo que o negócio para ser rentável tem que ter preços mais caros. Veja-se que a Transinsular deixou mesmo de ir aos portos da Horta, Velas e S. Roque e já não ia ao da Graciosa.
Veja-se ainda a quantidade de contentores que são baldeados de um armador para outro de forma a tornar o negócio mais rentável para todos.
2 - Ao obrigar praticamente que cada armador tenha que “correr” todas as ilhas com os mesmos navios, faz com que tenha que ter os seus navios equipados com meios próprios de descarga (grua de bordo) o que torna os navios mais caros – cada grua de bordo custa cerca de 1,5 a 2 milhões de euros.
3 – Os três armadores que transportam contentores, geralmente não transportam carga geral fraccionada, excepto se ela for acondicionada em contentores ou se se tratar de grandes peças ou máquinas, pelo que as pessoas/empresas que necessitem de transportar pequenas quantidades de carga na ligação Continente/Açores têm que esperar que o seu transitário consiga ter carga suficiente para encher um contentor (maior tempo de espera) ou encomendar quantidades de carga muito maiores (caso das empresas – maiores stocks, maiores encargos).
Na ligação entre ilhas a situação às vezes ainda é pior, pois para enviar uma pequena carga de um grupo para outro, por exemplo do Pico para S. Miguel ou para as Flores, tem que arranjar um contentor. Se não tiver carga suficiente tem que esperar, como se disse acima.
Dentro do mesmo grupo de ilhas a empresa de tráfego local muitas vezes não tem capacidade para transportar a carga em tempo útil e a bom preço.
Esta situação dificulta claramente o mercado interno.
(©) Copyright foto: Miguel Nóia, Faial.
No próximo artigo vamos ver qual nos parece ser o modelo mais lógico.
PS:Embora exista actualmente algumas alterações, decidi publicar o artigo original tal como foi publicado no DI.
1 comentário:
siempre disfrutando de tus buenas publicaciones amigo .Gracias por pasar a visitarnos y un saludo desde Las Palmas
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