Perséfone era filha de Zeus e Deméter, deusa da agricultura, e no início do mito era uma rapariga que colhia flores despreocupadamente, até que os sinais da sua grande beleza encantaram o Deus Hades, senhor dos mortos, que em casamento a pediu. Imediatamente, e por interferência de sua mãe, o pedido foi recusado, no entanto Hades que ficara insatisfeito raptou-a enquanto esta colhia narcisos, levando-a na sua carruagem por uma abertura na terra para o seu reino subterrâneo Erebo afim de se tornar a rainha do Mundo Infernal e vigilante das almas dos mortos. A inconsolável Deméter convenceu Zeus a obrigar Hades a devolver Perséfone, que astutamente lhe ofereceu uma romã, sabendo que quem a comesse ficaria obrigado a voltar. Desde então, transformada em sombria Proserpina, sempre que rainha desce ao mundo dos mortos para encontrar o seu marido, o Inverno Chega à Terra. Quando regressa à companhia de sua mãe, transforma-se em Cora, a eterna adolescente, e a primavera faz o inverno desaparecer e traz as flores e o verde da natureza, brotando os grãos da terra.
"A pálida luz da manhã de Inverno,
O cais e a razão
Não dão mais esperança, nem uma esperança sequer,
Ao meu coração.
O que tem que ser
Será, quer eu queira que seja ou que não.
No rumor do cais, no bulício do rio
Na rua a acordar
Não há mais sossego, nem um vazio sequer,
Para o meu esperar.
O que tem que não ser
Algures será, se o pensei; tudo mais é sonhar."
(Fernando Pessoa)
(©) Copyright texto e fotos: Rui Carvalho, Terceira. / Poema: Fernando Pessoa.
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