quinta-feira, 21 de julho de 2011

As rampas e o futuro

Algum tempo atrás, um Visitante deste blog, pedia-me que fizesse um esquema das rampas ro-ro nos Açores, pois bem foi isso que tentei fazer. Neste momento estão construídas as rampas do porto da Vila do Porto, ilha de Santa Maria, rampa do caís interior das Portas do Mar, Ponta Delgada, rampa do caís ferry do porto da Praia da Vitória, ilha Terceira e rampa do porto das Lajes, ilha das Flores. Em construção está o porto de cruzeiros e ferrys da Horta. Quantos ás restantes ilhas ainda não se iniciou a construção, sendo que por exemplo a da Graciosa poderá eventualmente avançar este ano.
Das 4 rampas concluídas, segundo  me consta ( se tiver errado corrijam-me) apenas a da Praia da Vitória é usada exporadicamente pelo "Express Santorini" para efectuar abastecimento de alguns produtos.
Na minha humilde opinião considero as rampas uma mais valia para qualquer porto, uma vez que lhes conferem uma maior polivalência nas opções de carga/descarga, permitindo uma operação roll-on/ roll-off, que não se limita aos ferrys, contudo à que ter em conta, a sua localização e operacionalidade para que sejam de facto algo positivo e acrescentem valor ao porto.
Apesar de tudo considero muito mais importante que as rampas, a definição da politica de transportes marítimos em especial o serviço ferry,  só assim perceberemos qual a utilidade das rampas, estas só por si não alteram nada, ou muito pouco, lembro que os dois ferrys "Express Santorini" e "Hellenic Wind", realizam a sua operação nos actuais moldes recorrendo ás suas funcionais rampas laterais, e pelo que observo efectuam as suas operações com bastante rapidez. De facto as rampas ro-ro poderão contribuir para uma operação mais rápida e para uma mais fácil gestão da "garagem", mas contribuirão para o incremento do transporte de carga inter-ilhas?  Serão construídas com o objectivo de dinamizar a economia insular? Será essa operação finalmente anual? sendo sazonal  ou anual qual a opção para além de 2012? Devemos optar por afretamento ou construção de navios próprios? Qual o tipo de navio optar? Quanto a mim há reflexões a fazer e opções a tomar que serão tanto o mais importantes que o facto de haver ou não rampas, quanto a mim não servirá de nada ter uma rampa para apenas embarcar/desembarcar bicicletas e triciclos.
Porto da Praia da Vitória- (©) Copyright foto: Rui Carvalho.
Porto de Ponta Delgada-(©) Copyright foto: António Simas.

27 comentários:

Paulo Farinha disse...

Devemos optar por afretamento ou construção de navios próprios? Qual o tipo de navio optar?

Perguntas bastante pertinentes.
Na minha opinião depois do fracasso do ferry Atlântida que infelizmente ainda não foi vendido pelo ENVC, recomendo a utilização de ferry's em regime de afretamento.
Os ferry's ideais são os mistos que transportem passageiros e carga rodada, operando com rampas à popa e não laterais.
Aproveito para informar que a Naviera Armas não está interessada em navegar entre os Açores-Madeira e Continente.
A expansão deste armador não vai além do Oeste da Madeira, com uma preferência no Mediterraneo.
Todos os açoreanos devem se empenhar nesta causa marítima para esbater o isolamento das vossas ilhas que neste segmento estão cada vez mais atrasadas em relação às restantes ilhas da Europa inclusive A Madeira.
Eu já dei muitas dicas para os Açores em termos de ferry's, agora vocés que ponham em prática a exemplo do que se passa na Madeira. Mais nada. Unam-se nesta causa "a união faz a força".
Cumprimentos
Paulo Farinha

Manuel Bettencourt disse...

Amigo Paulo, Obrigado pelo comentário e pela informação relativa à Naviera Armas.
Um Abraço
Manuel

FranciscoM disse...

Pois mas ao que parece, a Armas tem um rombo de 1 milhão de Euros na Madeira. Se assim é,claro, que nem para os Açores estaria interessada.

Anónimo disse...

Até parece que os Madeirenses é que andaram com o transporte de ferry para a frente... deem graças a estarem ao lado das Canárias, o que permitiu o "saltinho" que a ARMAS dá ai e consequentes benefícios.

Os Açores não têm as Canárias ao lado, logo não têm interesse para a ARMAS.

Cumprimentos,

Anónimo disse...

Manuel, bem conseguido o mapa. Em relação à localização de algumas rampas, continuo a dizer que a de Ponta Delgada devia ter sido localizada no cais comercial onde costuma operar o Ro-Ro com a logistica para o rallye SATA, ou pelo menos fazer lá uma também, onde há melhores condições para operar grandes camiões (carga rodada no geral), mais linha de atraque etc. O que está feito, feito está, agora se calhar seria melhor começar a pensar então nessa outra rampa, se é que um dia queremos que esse porto sirva de transbordo dos pequenos ferrys inter-ilhas para um ferry maior com ligações ao exterior que atracaria nessa tal 2ª rampa.
Continue o bom trabalho.

Manuel Bettencourt disse...

Boas FranciscoM, bem uma coisa é certa se a linha da Madeira dá prejuizo então uma linha mais distante seria provavelmente pior.
Um Abraço
Manuel

Caro Visitante Obrigado pelo comentário, de facto os ferrys já há muito tempo que foram "inventados".
Cada região tem as suas especificidades, os Açores em particular tem uma grande dispersão e algumas ilhas pequenas (como a minha).
Um Abraço,
Manuel

Caro Visitante, obrigado pelo comentario, de facto também gostava der ver uma rampa ro-ro no local onde atraca o ro-ro, acho que até seria fácil.
Agora o que por vezes fico a pensar é na necessidade de repensar o porto de Ponta Delgada, acho que um porto com aquele movimento que tenho visto precisa de ser adaptado aos proximos anos.
Um Abraço,
Manuel

Anónimo disse...

Em relação ao anónimo que diz que "até parece que foram os madeirenses que andaram com o transporte de ferry para a frente", meu caro, muito antes do ARMAS pôr os pés na Madeira já os madeirenses tinham serviço ferry inter-ilhas mais que consolidado há anos, e muito antes dos Açores verem a côr de um ferry sequer. Aliás nos Açores quem os introduziu foi exactamente o grupo sousa através da Açorline e da experiência que já tinha na Madeira. Veja que se uma ilha com a população da Madeira tem de beneficiar da posição que tem em relação às Canárias para atrair ferrys do exterior, São Miguel com a população que tem e turismo muito limitado, dificilmente chegaria lá mesmo que tivesse nas mesmas coordenadas. O Caso da Madeira não é só a localização. É a população presente que tem (muito mais que a população residente), o turismo, a economia (PIB per capita que tem) etc. Tudo isso conta na avaliação do potencial de uma linha.

Manuel Bettencourt disse...

Meus estimados visitantes, este post não pretende saber quem "inventou" os ferrys se os Açores se a Madeira, porque a resposta será nem uns nem outros. A Madeira conta à mais anos com um serviço ferry anual consolidado sendo um arquipélago com caracteristicas diferentes dos Açores, por isso acho que não podemos fazer certas comparações.
A questão deste post é refletir sobre o futuro do serviço ferry nos Açores depois da construção das rampas, porque acho ser importante defenir uma estratégia para os Açores.
Abraço,
Manuel

barconauta_ disse...

Conclusão, a Madeira é melhor que os Açores só porque tem um ferry. Curioso que esse ferry para fazer a manutenção vai para as Canárias ou Cádiz. LOL

Enfim coisas da Vida, já agora esse PIB per capita se for bem analisado dá muito que falar, que vai desde a Zona Franca, à fuga de impostos e mais.
Vejamos:
lata de atum, Portimão: 0,61€
mesma lata de atum, Madeira:1,20€
Discutam aquilo que quiserem de quem, quando e com quem quiserem, mas enquanto eu notar estas coisas sempre direi que como Madeirense estou a ser ROUBADO por uma máfia. É por isso que na Madeira a disparidade é tão brutal entre pobres e ricos e assim vai continuar visto que os pobres em vez de se revoltarem apoiam quem os chula! Triste povo enganado.

Manuel Bettencourt disse...

Amigo Ricardo, não posso falar muita da Madeira porque infelizmente ainda não lá fui, mas um dia irei para ver essa bela ilha sem esquecer o Porto Santo.
Como dizes cada arquipélago tem a sua "história", somos todos diferentes e todos iguais.
Sabes bem e melhor que eu que quando falamos em ferrys aqui ou ai nem tudo e fácil e linear, não nos podemos esquecer que exitem lobbys que mandam na sombra, mas isso não é apenas na Madeira, infelizmente é em todo o País.
Um Abraço
Manuel

Anónimo disse...

Manuel, embora seja discutivel o local e dimensão de algumas rampas Ro-Ro que foram feitas nos Açores, penso que a estratégia está correcta. A Madeira quando começou há muitos anos com o serviço ferry para o Porto Santo, também a principio era sazonal. Eram alugados ferrys para fazer as ligações no Verão. Um deles foi o vosso conhecido "Lady of Man", que mais tarde viria a operar nos Açores. O único problema é que no caso dos Açores a passagem de sazonal a "ano inteiro" está a demorar mais do que era esperado ou desejado, mas temos de ver também que por ex. as rampas Ro-Ro só agora estão a aparecer, e isso é um factor essencial. O outro problema é aquilo de que já falámos muito: Para alguns com certos interesses, pode não convir ferrys o ano inteiro, com carga rodada etc etc. Esse é um dos outros problemas que o Governo Regional vai ter de resolver. Não se pode agradar a gregos e a troianos. Haverá sempre algum sacrificio a fazer. O que vale é que vivemos numa democracia, e numa democracia conta a vontade da maioria, e a maioria será sempre o povo açoriano que só quer melhores ligações e não tem interesses directos em companhias de navegação etc etc. Espero que no fim ganhe a maioria. Outra coisa, o aparecimento de uma nova solução nem sempre implica o fim absoluto de outra. O que não pode continuar é a situação presente, pois as populações das ilhas menores têm direito a terem a vida facilitada e não terem de ser "emigrantes" dentro do seu própio arquipélago.

Manuel Bettencourt disse...

Meu caro Visitante, Obrigado pela visita e comentário, digo-lhe sinceramente que gostei de ler acho que fez uma análise ponderada e inteligente.
Por vezes com estes meus pensamentos escritos, procuro respostas para mim proprio, como por exemplo perceber o que as diferentes forças politcas defendem para o futuro, e isso é algo que não percebi e gostava de perceber.
Um Abraço
Manuel

Anónimo disse...

Ricardo, sabes muito bem que a questão do PIB que referes não é pela Zona Franca em si mas pelo CINM (Centro Internacional de Negócios da Madeira), que representa para aí 20% do PIB. Acontece que mesmo tirando esses 20% a Madeira continua bem lá em cima. Só que para tirarmos o nosso, teriam as Canárias de fazer o mesmo, e a Ilha de Man, e o Luxemburgo etc etc e nenhum dos países a que pertencem essas praças financeiras está disposto a perder a sua "mama". Também em relação à manutenção do ferry e estaleiros, o Caniçal até tem uns bons estaleiros, com capacidade para movimentar navios com uma tonelagem apreciável (mesmo assim aquém dos de Las palmas). Mas o caso da manutenção do ferry tem a ver com custos. Ele vai para onde oferecerem o serviço mais barato ou onde houver disponibilidade de espaço. Às vezes é Las Palmas, no inicio era Viana, depende... Hás-de reparar que já variou muito ao longo dos anos. Lamento em relação à lata de atum, não sei que marca compras mas ficas já a saber que no Caniçal numa certa fábrica são enlatadas toneladas de atum em grandes latas que depois vão para Espanha onde esse atum é enlatado em latas mais pequenas e depois reenviadas para cá com a marca deles. É a vida. E a piada final? Algum desse atum havia sido pescado em mares dos Açores mas foi descarregado no Caniçal porque é onde pagam mais por ele. As voltas que um atum dá. E peço desculpas ao Manuel pelas voltas que esta conversa off-topic já deu. Vou ver se estudo melhor a solução que o governo regional dos Açores tem em carteira, incluindo os novos ferrys para o grupo central e pedia-lhe se possivel, informar-me de um site onde eu possa estudar melhor esse assunto, ou um link para um post seu onde fale nisso.
Obrigado.

Manuel Bettencourt disse...

Boas Caro Visitante, não tem que pedir desculpas, como diz a malta nova "tá-se Bem", gosto de saber a opinião de outras pessoas e aprender com isso e olhe que já aprendi qualquer coia hoje.

http://oportodagraciosa.blogspot.com/2010/08/sre-apresentou-projecto-para-novos.html

Este link é realtivo á apresentação do projecto dos novos ferrys, que como sabe serão construidos pela Damen.
Segundo ouvi este processo está "parado" porque o estaleiro exige mais teste aos modelos.

http://www.atlanticoline.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=195%3Aapresentacao-do-estudo-elaborado-pela-empresa-bmt-transport-solutions&catid=3%3Anewsflash&Itemid=99&lang=pt

Se tiver interessado e tiver paciência veja este estudo encomendado pela Atlanticoline.

Um Abraço
manuel

Anónimo disse...

Manuel, obrigado pelos links. Espero que desta vez tudo corra bem, que se façam todos os testes necessários, que não se cometam erros do passado e que os navios cheguem aos Açores o mais rápido possivel para começarem a prestar serviço.
Um Abraço.

João Bettencourt Mendonça disse...

Caro Manuel e demais bloguers. Parabéns pela ideia e pelo desempenho mostrado sobre o assunto.
Espero não baixar a fasquia, mas este assunto e a leitura de alguns dos comentários, induz-me também a fazer algumas reflexões:
- RAMPAS - É um facto que sem as rampas, nunca se poderia dar o passo seguinte no transporte marítimo. Os "passadiços" actuais dos ferrys são uma aberração (Uma Ford transit de tecto alto não embarca). No entanto, a localização das rampas, bem como a sua cota é que poderia ter sido mais ponderada;
- Serviço ferry anual - O serviço terá de evoluir forçosamente para anual, embora concorde que já passou tempo demais, mas sem as rampas, certamente não se justificará (o factor carga no inverno será fundamental);
- PREÇOS - A política de preços também tem de ser muito bem vista. Neste momento há a possibilidade de chegar da Terceira a S. Miguel de avião por pouco mais dinheiro do que em ferry (passagens promocionais da Sata). Os preços praticados pela Atlanticoline não estimulam nada as viagens. Só se verifica esta "febre" das vigens de barco nos Açores, porque os jovens (até aos 30 anos) só pagam 5€ e os +65 anos pagam também muito pouco;
- CARGA RODADA - Fomenta bastante a economia regional, mas terá sempre de ser complementada com outro modelo de transporte de mercadorias (aqui, na decisão final, devia-se excluir o factor lobby);
- BARCOS - Será certamente agora o desafio mais dificil que se coloca ao GR. Ter de decidir sobre opções como a velocidade, lotação, fretados, próprios, ferry, catamaram, etc., não vai caertamente ser consensual.

Isto pode lembrar a história do "ovo e da galinha", mas já que se iniciou a construção das rampas, agora é sensato que se terminem, se testem com estes barcos e depois de se decidir que tipo de carga se pretende operar, então aí passa-se à opção seguinte de escolher o tipo de barco.

A comparação com a Madeira tem de ser forçosamente feita e servir de ensinamento (vi muita carga rodada no Lobo Marinho), mas não nos podemos esquecer que além de terem muito turismo, tudo é muito mais fácil, porque trata-se apenas de duas ilhas.

Manuel Bettencourt disse...

Caro Visitante, eu é que agradeço a sua participação neste post, aqui os comentários são sempre bem vindos, volte sempre.
Um Abraço,
Manuel

Caro João, sabes bem que considero os comentários complementos do proprio post, pois ajuda-nos a refletir, percebemos qual a opinião das pessoas, trocamos ideias e aprendemos sempre.
Ao ler o teu comentário vejo que fizes-te uma análise interessante e bem estruturada. Temos opinião muito parecida.
O que procuro e não devia procurar, é que estratégia tem para o futuro a classe politica? Ao fim de tantos anos quer governo quer oposição deviam ter tudo defenido (digo eu), a recente campanha para as legislativas deixou-me preocupadíssimo com o futuro e triste, perdi a esperança em certas pessoas, até perece que esta gente não sabe que nós sabemos que interesses têem e onde os têem, muito triste.
Como residente de uma pequena ilha, preocupa-me tudo o que aqui falamos, os transportes são a base para um desenvolvimento, sem isso será ridiculo falar em combater a desertificação quando se complica a circulação inter-ilhas. Não quero com isto dizer que devemos arranjar mais despesas, mas haverá soluções para que seja possivel encontrar um sistema que melhore o actual, e aqui lá volto eu à Madeira e ao sistema um ferry ( inter-ilhas- Um porta-contentores ( açores-Madeira-continente).
Um Abraço,
Manuel

Jorge Azevedo disse...

Não nos podemos comparar com a Madeira e muito menus com as Canárias, a nossa realidade é totalmente diferente, a Madeira tem basicamente Turismo de massas e de Natureza embora a nível de paisagem é lindíssima mas um pouco homogénea, excepto o Caniçal e Porto Santo que faz lembrar as Canárias. Gastronomia, história e tradições tem para oferecer com muita qualidade mas é apenas duas Ilhas e como tal pouco diversificado. As Canárias é Turismo de massas e de praia, gastronomia, história e tradições não sei, ainda não fui lá.
Os Açores tem uma riqueza e uma beleza paisagística muito diversificada de Ilha para Ilha, 9 Ilhas, cada uma com gastronomia, história e tradições diferentes, produtos de grande qualidade como lacticínios, vinhos, doçaria entre muitos outros aspectos como Ilhas Reserva Biológica, Patrimónios da Humanidade, etc. e que são uma mais valia, que não estamos a cuidar nem a aproveitar. Isto são razões mais do que suficientes para atrair turismo, mas falta uma divulgação bem feita, falta transportes aéreos com preços mais aliciantes, transportes inter-ilhas aéreos e MARITIMOS em condições a melhores preços. Isto são razões mais do que suficientes para termos um sistema de transporte marítimo de passageiros, viaturas e carga em condições nos Açores e estamos a uma Dúzia de anos sempre na mesma.

Cumprimentos
Jorge Azevedo

Manuel Bettencourt disse...

Caro Jorge, de facto acho que podemos fazer muito mais para desenvolver os Açores, como diz e bem o serviço ferry poderia ser um motor para esse desenvolvimento, que tem de passar também pelo transporte aéreo, como disse o João não se compreende que em 12 anos de ferrys ainda não seja possivel movimentar determinadas viaturas inter-ilhas nos ferrys.
Estou nesta altura a pensar na história da Fred Olsen nas Canárias, um dia destes vou publica-la aqui, acho-a muito interessante.
Um Abraço,
Manuel

Emilio Costanera disse...

Como madeirense queria fazer aqui duas observações ou melhor colocar duas questões: 1- Num comentário ali atrás vi referido que os jovens (ate aos 30 anos) só pagam 5 euros nas viagens de ferry nos Açores e que as pessoas com +65 anos também pagam muito pouco. Eu pergunto, como é que uma operação pode ser rentável dessa maneira, ou pelo menos aparentar se-lo quando se sabe do custo do aluguer dos navios em operação? Bem sei que aqui na Madeira somos "bem explorados" ("roubados"?) pela PortoSantoline com preços que até escaldam, principalmente ná época de Verão, e bem sei que nas Canárias a Acciona começou a fazer preços bem baixos para fazer guerra à concorrência, mas se a exploração não for rentável nos Açores, será que o contribuinte açoriano ficará calado e concordará com o dinheiro que o governo "investe" na Atlanticoline? É como diz o ditado: "nem 8, nem 80".
2- Em relação às ligações aéreas, é natural que se queira desenvolve-las nos Açores e dos Açores para o exterior mas atenção que isso é "oferecer o ouro ao bandido". As ligações aéreas SÃO CONCORRENTES das maritimas, e afinal se estamos aqui todos neste blog é porque temos uma preferência pelas maritimas (penso eu, não sei...). Veja-se o caso da SATA em particular que faz concorrência à PortoSantoline nas ligações entre a Madeira e o Porto santo, e faz concorrência à ARMAS quer nas ligações para o Algarve (pois tem voos Madeira - Faro), quer nas ligações com as Canárias, pois tem voos da Madeira para as Canárias (regulares e charter). É engraçado ter ido buscar logo o exemplo da SATA mas é exactamente aquela companhia aérea que neste momento faz concorrência a todos os ferrys que operam na Madeira, quer inter-ilhas, quer para o exterior. E se um dia houver ferry dos Açores para a Madeira, mais uma vez lá está, a SATA é que explora há anos as ligações aéreas entre os dois arquipélagos. Parece perseguição mas não é, mas fica só a chamada de atenção que os passageiros não são elásticos, o dinheiro não chega para tudo e um meio de transporte vai necessariamente tirar clientes ao outro, correndo-se o risco de em alguns casos nenhum deles manter-se rentável.

Manuel Bettencourt disse...

Caro Emilio Costanera, Obrigado pelo comentário, como proprietario deste blog orgulho-me dos meus comentadores, tenho tido a felicidade de contar com comentadores conhecedores e educados e isso deixa-me feliz, Obrigado a todos os que aqui comentam, são todos bem vindos.
Um Abraço,
Manuel

Anónimo disse...

Manuel,
dei uma vista de olhos por alto ao estudo da BMT no link que me deu, e assim de repente apanhei alguns sustos. Um deles, foi com aquela história de colocar um navio de 1700 TEUS que escalaria os "hubs" dos Açores, vindo do continente... E o nº de frequências? Não é importante? Não sei se eles estão a ver bem o que isso significaria e implicaria. Isto em relação à carga.
Em relação às rampas Ro-Ro, aconselhava-se então (na altura do estudo), deixar a construção de várias rampas em standby, sendo uma delas a das Flores, que por acaso, pelo seu mapa, e por fotos que já vi, já está construida. Hmmm... Será que o Governo Regional dos Açores fez "tábua rasa" do estudo encomendado pela Atlanticoline? Outra coisa, este estudo mesmo assim foi muito optimista pois a crise veio a revelar-se nos últimos anos pior do que os cenários mais pessimistas tidos em conta no mesmo. Um pequeno apontamento que me leva a questionar sobre a seriedade e detalhe com que se recolheram certos dados e se tiraram certas conclusões: Veja-se por exemplo na análise das frotas das diversas companhias que operam nos Açores (transporte contentorizado), pág. 89 e 90 do estudo, vê-se navios na frota da Boxlines que são "gémeos(?)" de um navio da Mutualista, mas na capacidade de TEUS de cada um, pôem valores completamente díspares, sendo que já não se sabe se estão a confundir capacidade de TEUS cheios num caso, com vazios noutro caso, se nem uma coisa nem outra ou se uma média das duas, enfim. De qualquer maneira tem ali muito trabalho feito e embora muito dado esteja infelizmente desactualizado, merece ser analizado.

Manuel Bettencourt disse...

Boas caro visitante, se juntarmos a tudo isso aquela ideia de que temos que ser racionais nas despesas nomeadamente na linha das Flores e depois dizem que os navios adequados para os Açores são os HSC, algo que discordo totalmente, fico sem perceber a lógica destes senhores. Sei que estes tipos visitaram os armadores mas estavam à espera da papinha feita.
Sinceramente não gosto deste estudo.
Não sei se reparou dizem eles na tal "pag.89 que a Boxlines tinha 3 navios mas o unico dedicado à rota dos Açores era o S. rafael", nesta altura a Box tinha o Apolo e o S. rafael, enquanto o BBC scotland estava na linha da Madeira, enfim ....
Agora como bem diz não seguimos no sentido do estudo e ainda bem, mas continuo a perguntar vamos para onde?
Um Abraço,
Manuel

Anónimo disse...

Manuel, exactamente! Essa dos navios adequados para os Açores serem em algumas linhas os HSC realmente é de pasmar. Sabendo-se do que se passa em relação ao preço dos combustiveis e do que esses navios gastam, sabendo-se que por exemplo nos outros arquipélagos a ARMAS já teve um fast-ferry em 2000-2003, o "Volcán de Tauro", (velocidade-40 nós) e que se desfez dele (já na altura a subida dos combustiveis começou a fazer mossa), se sabemos que a Fred Olsen Lines teve e tem com os seacats o mesmo problema e parece que vai optar novamente por ferrys convencionais, e finalmente a PortoSantoline fez alterações em 2007 no "Lobo Marinho" para passar a utilizar como combustivel o Diesel em vez do fuelóleo, porque os custos estavam a tornar-se incomportáveis, como é que estes senhores chegam a conclusões contrárias às de quem tem experiência no sector? Enfim.

Manuel Bettencourt disse...

Como vê não gosto lá muito deste estudo, dizem-me que um HSC tem que ter uma taxa de ocupação superior a 70% para começar a ser rentavel, como diz se a isso juntarmos os preços dos combustiveis que não param de subir enfim estamos perante uma bela "caldeirada".
Parece-me que esta história de ser navios de alta velocidade adequados para os nossos mares tem coisa por trás, é muito estranho.
Um Abraço,
Manuel

Vitor disse...

Manuel, se fosse realmente feita uma rampa no local normalmente usado para desembarque da logistica do Rallye dos Açores, no molhe comercial de PDL, com a crescente actividade de navios de cruzeiro que na falta de espaço nas Portas do Mar recorrem também a esse molhe, e como vejo que já se começa a discutir a falta de espaço para os cargueiros, referindo-se inclusive a necessidade de talvez construir-se um porto só para carga em outro local, tenho uma questão: Não seria possivel optar por enquanto por uma solução mais barata como seja a construção de terminais para cimento (recorrendo a pontões com duques d´alba como nos Socorridos/Madeira) e combustiveis (com boias para amarração-fundeamento) ao longo da costa sul de São Miguel, como sempre foi feito na Madeira? Existe mesmo a necessidade de atracar os cimenteiros e navios de combustivel dentro do porto de PDL ocupando espaço e linha de atraque? Não existirão enseadas ou baías ao longo da ilha com mar calmo a maior parte do ano que permitam essas operações e então quando o mar estivesse mais revolto, aí sim optar por abrigar esses navios no porto à espera de melhores condições ou simplesmente descarregarem no porto como actualmente? Mais e maiores ferrys e navios de cruzeiro em PDL irão no futuro obviamente obrigar a pensar numa solução.

Manuel Bettencourt disse...

Boas Vitor, fazes uma análise interessante, de facto começamos a pensar que o actual porto de PDl precisa de uma solução, e uma reflexão sobre o caís de cruzeiros portas do mar, este caís faz-me lembrar um casal com um filho, que precisam de transporte e decidem comprar um carro de formula 1 só de um lugar!
Quanto a mim a solução da madeira foi mais equilibrada, o pior é que agora teremos que gastar muito mais dinheiro, para ter uma solução de futuro.
Um Abraço,
Manuel